Escola Anna Nery Revista de Enfermagem
https://www.eanjournal.org/article/doi/10.1590/2177-9465-EAN-2021-0114
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem
Pesquisa

Dialogues on the decentralization of the leprosy control program in an endemic municipality: a participatory evaluation

Diálogos sobre la descentralización del programa de control de la lepra en un municipio endémico: una evaluación participativa

Diálogos sobre a descentralização do programa de controle da hanseníase em município endêmico: uma avaliação participativa

Cristal Marinho Corrêa; Fernanda Moura Lanza; Ana Paula Mendes Carvalho; Francisco Carlos Félix Lana

Downloads: 0
Views: 108

Abstract

Objective: to evaluate the decentralization of the Leprosy Control Program (LCP) in Governador Valadares.

Method: the theoretical and methodological framework was the Fourth Generation Evaluation, with a qualitative-participatory approach. The study involved 30 subjects divided into four groups: managers of the LCP; professionals of the Reference Center (RC); primary care professionals and users. Data were collected through interviews, using the Hermeneutic-Dialectic Circle technique. Subsequently, three workshops were held for data validation and negotiation. The Constant Comparative Method was used for the analysis.

Results: the maintenance of the vertical model of leprosy care was evidenced, sustained by social-historical-cultural determinants that are expressed in: the permanence of the gateway to spontaneous demand in the RC; the routine referral of the user to secondary care; the inefficiency of counter-reference; the centralization of multidrug therapy; the belief in the need for specialized care, and stigma. Weaknesses in the link with primary care were evidenced.

Conclusion and implications for practice: The sustainability of decentralization requires political and institutional involvement focused on strengthening primary care, reorienting the role of the services in the leprosy care network, and health education. The decentralization of the LCP involves tension between the actors of each health care point, generating disputes of knowledge and health practices.

Keywords

Decentralization; Health Evaluation; Leprosy; Primary Health Care; Qualitative Research

Resumen

Objetivo: evaluar la descentralización del Programa de Control de la Lepra (PCL) en Governador Valadares.

Método: el marco teórico-metodológico fue la Evaluación de Cuarta Generación, con un enfoque cualitativo-participativo. El estudio involucró a 30 sujetos, divididos en cuatro grupos: gerentes del PCL; profesionales del Centro de Referencia (CR); profesionales de atención primaria y usuarios. Los datos fueron recolectados a través de entrevistas, utilizando la técnica del Círculo Hermenéutico-Dialéctico. Posteriormente se realizaron tres talleres de validación y negociación de los datos. Para el análisis se utilizó el Método Comparativo Constante.

Resultados: se evidenció el mantenimiento del modelo vertical de atención a la lepra, sustentado en determinantes socio-histórico-culturales que se expresan en la permanencia del ingreso a la demanda espontánea en el CR; en la derivación rutinaria del usuario a atención secundaria; en la ineficiencia de la contrarreferencia; en la centralización de la poliquimioterapia; en la creencia en la necesidad de atención especializada y en el estigma. Se evidenciaron debilidades en el vínculo con la atención primaria.

Conclusión: la descentralización del PCH involucra la tensión entre los actores en cada punto de la atención en salud, generando disputas sobre conocimientos y prácticas de salud.

Implicaciones para la práctica: la sostenibilidad de la descentralización requiere de una participación política e institucional, enfocada en el fortalecimiento de la atención primaria, reorientando el rol de los servicios en la red de atención a la lepra y en la educación para la salud.

Palabras clave

Atención primaria de salud; Evaluación en salud; Descentralización; Lepra Investigación cualitativa

Resumo

Objetivo: avaliar a descentralização do Programa de Controle da Hanseníase (PCH) em Governador Valadares.

Método: o referencial teórico-metodológico foi a Avaliação de Quarta Geração, de abordagem qualitativo-participativa. O estudo envolveu 30 sujeitos divididos em quatro grupos: gestores do PCH; profissionais do Centro de Referência (CR); profissionais da atenção básica e usuários. Os dados foram coletados por entrevistas, utilizando-se a técnica do Círculo Hermenêutico-Dialético. Posteriormente, realizaram-se três oficinas de validação e negociação dos dados. Utilizou-se o Método Comparativo Constante para a análise.

Resultados: evidenciou-se a manutenção do modelo vertical de atenção à hanseníase, sustentado por determinantes sócio-histórico-culturais que se expressam: na permanência da porta de entrada à demanda espontânea no CR; no encaminhamento rotineiro do usuário para a atenção secundária; na ineficiência da contrarreferência; na centralização da poliquimioterapia; na crença na necessidade do atendimento especializado e no estigma. Evidenciaram-se fragilidades no vínculo com a atenção primária.

Conclusão: a descentralização do PCH envolve a tensão entre os atores de cada ponto de atenção à saúde, gerando disputas de saberes e práticas de saúde.

Implicações para a prática: a sustentabilidade da descentralização requer envolvimento político e institucional focado no fortalecimento da atenção primária, na reorientação do papel dos serviços na rede de atenção à hanseníase e na educação em saúde.

Palavras-chave

Atenção Primária à Saúde; Avaliação em Saúde; Descentralização; Hanseníase; Pesquisa Qualitativa

Referências

1 Nery JS, Ramond A, Pescarini JM, Alves A, Strina A, Ichihara MY et al. Socioeconomic determinants of leprosy new case detection in the 100 Million Brazilian Cohort: a population-based linkage study. Lancet Glob Health. 2019;7(9):e1226-36. http://dx.doi.org/10.1016/S2214-109X(19)30260-8. PMid:31331811.

2 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Diretrizes para vigilância, atenção e eliminação da hanseníase como problema de saúde pública [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2016.

3 Lanza FM, Lana FCF. Decentralization of leprosy control actions in the micro-region of Almenara, State of Minas Gerais. Rev Lat Am Enfermagem. 2011 jan/fev;19(1):187-94. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692011000100025. PMid:21412646.

4 Lanza FM, Vieira NF, Oliveira MMC, Lana FCF. Instrument for evaluating the actions of leprosy control in Primary Care. Rev Bras Enferm. 2014 maio/jun;67(3):339-46. http://dx.doi.org/10.5935/0034-7167.20140044. PMid:25054693.

5 Barbieri RR, Sales AM, Hacker MA, Nery JAC, Duppre NC, Machado AL et al. Impact of a reference center on leprosy control under a decentralized public health care policy in Brazil. PLoS Negl Trop Dis. 2016;10(10):e0005059. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pntd.0005059. PMid:27732610.

6 Standley C, Boyce MR, Klineberg A, Essix G, Katz R. Organization of oversight for integrated control of neglected tropical diseases within Ministries of Health. PLoS Negl Trop Dis. 2018;12(11):e0006929. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pntd.0006929. PMid:30462639.

7 Rodrigues RN, Niitsuma EM, Bueno IC, Baquero OS, Jardim CCG, Lana FCF. Hanseníase e vulnerabilidade da saúde em Belo Horizonte, Minas Gerais. Rev Min Enferm. 2017;21:e-997.

8 Saltarelli RMF, Seixas DHT. Limites e possibilidades na atenção ao portador de hanseníase no âmbito da Estratégia Saúde da Família. Rev APS. 2016 out/dez;19(4):613-22.

9 Sousa GS, Silva RLF, Xavier MB. Hanseníase e Atenção Primária à Saúde: uma avaliação de estrutura do programa. Saúde Debate. 2017;41(112):230-42. http://dx.doi.org/10.1590/0103-1104201711219.

10 Leite TRC, Lopes MSV, Maia ER, Cavalcante EGR. Avaliação da estrutura da atenção primária à saúde na atenção à hanseníase. Enferm Foco. 2019;10(4):73-8.

11 Leal DR, Cazarin G, Bezerra LCA, Albuquerque AC, Felisberto E. Programa de Controle da Hanseníase: uma avaliação da implantação no nível distrital. Saúde Debate. 2017;41(esp):209-28. http://dx.doi.org/10.1590/0103-11042017s16

12 Souza MF, Vanderlei LCM, Frias PG, Souza MF, Vanderlei LCM, Frias PG. Avaliação da implantação do Programa de Controle da Hanseníase em Camaragibe, Pernambuco. Epidemiol Serv Saude. 2017;26(4):817-34. http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742017000400013. PMid:29211145.

13 Sousa GS, Silva RLF, Brasil-Xavier M. Hanseníase e atenção primária: um estudo avaliativo sob a ótica do médico. Rev Salud Publica. 2018;20(3):359-65. http://dx.doi.org/10.15446/rsap.v20n3.56109. PMid:30844010.

14 Vieira NF, Lanza FM, Lana FCF, Martínez-Riera JR. Avaliação dos atributos da atenção primária à saúde nas ações de controle da hanseníase. Rev Enferm UERJ. 2018;26:e31925.

15 Vieira NF, Lanza FM, Martínez-Riera JR, Nolasco A, Lana FCF. Orientación de la atención primaria en las acciones contra la lepra: factores relacionados con los profesionales. Gac Sanit. 2020;34(2):120-6. http://dx.doi.org/10.1016/j.gaceta.2019.02.011. PMid:31053453.

16 Bosi MLM, Mercado FJ, organizadores. Avaliação Qualitativa de Serviços de Saúde: enfoques emergentes. 3. ed. Petrópolis: Vozes; 2013.

17 Genovez PF, Pereira FRO. “Drama” da hanseníase: Governador Valadares, as políticas públicas de saúde e suas implicações territoriais na década de 1980. Hist Cienc Saude Manguinhos. 2016;23(2):379-96. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-59702016000200004. PMid:27276042.

18 Guba EG, Lincoln YS. Avaliação de quarta geração. 1. ed. Campinas: Editora Unicamp; 2011.

19 Hartz ZMA. Histórico da avaliação. In: Brousselle A, Champagne F, Contandriopoulos AP, Hartz, Z. Avaliação: conceitos e métodos. 1. ed. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2011.

20 Genovez PF, Pereira FR. Da lepra á hanseníase: Política pública, o cotidiano e o estigma a partir da memória de seus atores – Governador Valadares (Década de 1980). Hist Questoes Debates. 2014;60(1):205-28. http://dx.doi.org/10.5380/his.v60i1.38287.

21 Glaser BG, Strauss AL. The discovery of groundded theory. Chicago: Aldine; 1967.

22 Charmaz K. A construção da teoria fundamentada: guia prático para análise qualitativa. Porto Alegre: Artmed; 2009.

23 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Estratégia Nacional para Enfrentamento da Hanseníase 2019-2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2019.

24 Vieira NF, Lana FCF, Rodrigues RN, Niitsuma ENA, Lanza FM. Avaliação da Atenção Primária: comparativo entre o desempenho global e as ações de Hanseníase. RECOM. 2019;9:e2896. http://dx.doi.org/10.19175/recom.v9i0.2896.

25 Leroy FS, Coelho A CO, Niitsuma ENA, Gomes FBF, Lanza FM, Ribeiro G C et al. Educação permanente em saúde: a experiência do uso da educação a distância na capacitação em ações de controle da hanseníase. Em Rede. 2017;4(1):235-50.

26 Lanza FM. Avaliação da atenção primária no controle da hanseníase: validação de instrumentos e análise do desempenho de municípios endêmicos do Estado de Minas Gerais [tese]. Belo Horizonte: Escola de Enfermagem, Universidade Federal de Minas Gerais; 2014.

27 Silva JF, Fonseca DF, Silva J, Viegas SMF, Lanza FM. O cotidiano de trabalho da estratégia saúde da família: entre o real e o ideal. RECOM. 2019;9:e3488. http://dx.doi.org/10.19175/recom.v9i0.3488.

28 Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais. Coordenadoria Estadual de Controle da Hanseníase. Plano de Enfrentamento da Hanseníase em Minas Gerais, 2019-2022 [manuscrito]. Belo Horizonte: Secretaria de Estado da Saúde; 2019.

29 Mendes EV. O cuidado das condições crônicas na atenção primária à saúde. Rev Bras Promoç Saúde. 2018;31(2):1-3.

30 Lanza FM, Rodrigues RN, Silva J. Integração ensino-serviço para realização de educação permanente em ações de controle da Hanseníase: relato de experiência. HU Rev. 2021;47:1-6.

31 Alencar CHM, Ramos Jr AN, Sena No SA, Murto C, Alencar MJ, Barbosa JC et al. Diagnóstico da hanseníase fora do município de residência: uma abordagem espacial, 2001 a 2009. Cad Saude Publica. 2012;28(9):1685-98. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2012000900008. PMid:23033184.

32 Ariana SM, Lago KS, Costa CM, Bueno IC, Rodrigues RN. Tendência da situação epidemiológica e operacional da hanseníase no estado de Minas Gerais (2008 - 2018). Saúdecoletiva. 2020;10(56):3122-31.

33 Raposo MT, Nemes MIB. Assessment of integration of the leprosy program into primary health care in Aracaju, state of Sergipe, Brazil. Rev Soc Bras Med Trop. 2012 abr;45(2):203-8. http://dx.doi.org/10.1590/S0037-86822012000200013. PMid:22534993.

34 Smith WCS. Sustaining anti-leprosy activities requires radical changes. Lepr Rev. 2010 dez;81(4):281-3. http://dx.doi.org/10.47276/lr.81.4.281. PMid:21313970.

35 Correia CMF, Pimentel NSN, Fialho VML, Oliveira RML, Gomide M, Heukelbach J. Fatores associados à alta demanda de pacientes com hanseníase em centro de referência em Manaus, Amazonas. Cad Saude Colet. 2008 jan;16(2):169-80.

36 Vaitsman J. Cultura de organizações públicas de saúde: notas sobre a construção de um objeto. Cad Saude Publica. 2000;16(3):847-50. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2000000300033. PMid:11035524.

37 Rodrigues RN, Arcêncio RA, Lana FCF. Epidemiologia da hanseníase e a descentralização das ações de controle no Brasil. Rev Baiana Enferm. 2021;35:e39000. http://dx.doi.org/10.18471/rbe.v35.39000.

38 Paim JS. Modelos de Atenção à Saúde no Brasil. In: Giovanella L, organizadora. Políticas e sistema de saúde no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ; 2012.
 


Submetido em:
23/04/2021

Aceito em:
04/10/2021

67d96ee7a9539568da719d33 ean Articles

Esc. Anna Nery

Share this page
Page Sections